A Ceia do Senhor e a História de Nossa Salvação

Desde o seu início, as igrejas cristãs celebram a Ceia do Senhor em obediência ao Senhor Jesus que diz: fazei isto em memória de mim (Lc 22.19).Sua morte foi o assunto principal enquanto Ele ministrava a Ceia. Disse Ele: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento (Lc 22.15). E ainda: Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído (Lc 22.22). Jesus deu a entender que aquela seria a última reunião com os seus discípulos, e que aquele cerimonial, do pão e do vinho, anunciava a sua morte. O Pão e o vinho faziam alusão ao corpo e sangue do Salvador (Mt 26.27,28). A partir de então, o seu povo deveria celebrar a Ceia do Senhor “em memória de Cristo”, fazendo lembrar o seu sacrifício. Lucas narra da seguinte forma: E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim (22.19). Desta forma, ao partir o pão na presença dos seus discípulos, Jesus apontava para sua morte na cruz. Ele seria oferecido como o pão que desce do Céu e daria vida eterna a todo que dele se alimentasse (Jo 6.48-51). O sangue servido era símbolo de seu sangue que seria vertido na cruz para remissão dos pecados, a exemplo do que significava o sangue dos cordeiros mortos no cerimonial do Antigo Testamento (Jo 1.29 e 1 Jo 1,7). Participar da Ceia então é relembrar a morte sacrificial de Jesus em favor de seu povo. Ao dizer que o seu corpo era oferecido por nós (Lc 22.19), Jesus expressava a ideia de que o seu corpo era dado para benefício dos discípulos, e naturalmente para todos os que vierem a crer nele. Jesus também deixou claro, enquanto ministrava a Ceia, que ela deveria trazer à mente dos discípulos a expectativa de sua ressurreição e volta. A morte não seria o fim, mas o início do cumprimento de suas palavras. Jesus já havia dito várias vezes que ressuscitaria de entre os mortos (Mt 20.17-19; Lc 18.31-34). Sobre a sua volta fez esta declaração durante a Ceia: e digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber, novo convosco no reino de meu Pai (Mt. 26.29). A morte anunciada neste momento de tanta tristeza, seria vencida pela sua ressurreição e esquecida com a sua volta para reunir os seus. A Ceia, então, não deveria ser somente uma lembrança do que Jesus fez na cruz, mas também o anúncio de um novo tempo que se implantará com sua vinda. Os discípulos e, por sua vez, a igreja deveriam participar deste cerimonial aqui na terra “até aquele dia” (Mc 14.25), o dia em que Jesus voltaria e conduziria os seus para o grande banquete em seu reino (Mc 14.26). Berkhof jubila ao dizer que a ceia não somente ratifica ao crente participante as ricas promessas do Evangelho, mas lhe garante que as bênçãos da salvação são suas, como possessão real. Tão seguramente como o corpo é alimentado e renovado pelo pão e pelo vinho, assim a alma que recebe o corpo e o sangue de Cristo pela fé, está agora de posse da vida eterna, e com a mesma segurança a receberá mais abundantemente ainda (Teologia Sistemática – Louis Berkhof, p.657). Não é de pouca importância, então, participarmos da Ceia do Senhor em nossa igreja local. Há muita teologia nessa liturgia. Há bênçãos em torno do pão e do cálice que somente serão mensuradas na eternidade. Dentre as bênçãos visíveis está a da recapitulação da história da salvação enquanto participamos da mesa do Senhor. Que grande privilégio o nosso. Pr. Luz César Nunes de Araújo – Presidente da ICEB
Manifesto da ICEB pela Justiça

A Mesa Diretora da ICEB se posiciona de modo enfático contra qualquer tipo de injustiça e impunidade que vigora em nosso país. Nos unimos aos que oram para que Deus tenha misericórdia desta nação e coíba que homens desonestos governem, legislem e sejam responsáveis por fazer cumprir a lei. Esta igreja entende que dias assim, difíceis e injustos, já foram previstos pela Escritura (2 Tm 3.1-9), mas uma verdadeira igreja cristã não é fatalista, ela é nutrida por uma esperança divina. Ela espera, luta e ora para que o Brasil ainda encontre, antes dos tempos finais, uma realidade que outros países já experimentaram, como a prática da justiça e o esforço sincero pela prosperidade de todos os seus cidadãos. Alguém disse certa vez que o Brasil sobrevive apesar de políticos corruptos, sem ganhar a copa do mundo de futebol, sobrevive diante de crises econômicas, sobrevive diante de queimadas e desastres ambientais. Mas quando “juízes e pastores” se corrompem, não há salvação para uma nação. Que nós, os pastores, não falhemos nesta hora. Que sejamos, primeiramente, modelos de homens honrados e de coragem para denunciar o erro e anunciar as boas novas do Evangelho, que cura a alma do homem todo e até a sua nação. Conclamamos o povo Cristão Evangélico a se levantar, primeiramente em oração, mas também em ética cristã e vida cristã digna de Deus, bem como levantando sua bandeira da justiça, da honra e da honestidade. Esta Denominação não se omitirá também de pregar em seus púlpitos e até nas praças e ruas, seu compromisso com Deus e com os mais altos valores que devem permear uma sociedade. Pr. Luiz César Nunes de Araújo – Presidente da ICEB
Plantadores, não se esqueçam dos leigos

Como se planta uma igreja? Quais são os caminhos para que uma plantação seja bem-sucedida? Muitas respostas poderiam ser apresentadas, dependendo do contexto em que a igreja e o plantador estão inseridos, bem como da filosofia de ministério adotada. Ou seja, a resposta para uma igreja histórica localizada em uma grande capital será muito diferente daquela para uma comunidade de fé no sertão nordestino. Contudo, há um elemento aplicável a qualquer contexto de plantação de igreja, independentemente de sua localização, seja na Europa ou na América do Sul, seja o pastor adepto de terno e gravata ou de camisa no estilo lenhador. Em todas as plantações de igrejas, a mão de obra leiga é uma das ferramentas mais importantes à disposição do plantador. Esse fato pode ser observado tanto no ministério de Jesus e dos apóstolos quanto no relato de Neemias sobre a reconstrução do muro de Jerusalém. Antes de prosseguir, preciso fazer dois esclarecimentos: Feitos esses esclarecimentos, retomemos o tema. Observando o método de trabalho de Neemias, de Jesus e dos apóstolos, percebemos que eles nunca descartaram a contribuição de pessoas sem formação formal. Em Neemias 3, encontramos o registro da divisão do trabalho na reconstrução dos muros. Entre os envolvidos estavam sacerdotes, nobres, ourives, levitas e outros ofícios. Será que todos eram profissionais da construção? Mestres de obras? Pedreiros qualificados? A resposta é um sonoro não. A maioria dos participantes era composta por leigos. Nosso Senhor Jesus escolheu os profissionais da fé de seu tempo? Ou homens que, aos olhos desses mesmos profissionais, eram considerados leigos? Pedro e João foram formados em qual escola rabínica? Em Atos 4.13, são descritos como “comuns e sem instrução”. Ao analisarmos os termos gregos, percebemos que isso não significa que eles eram analfabetos, como alguns sugerem, mas sim que não possuíam uma formação formal na tradição rabínica. E os apóstolos não contaram amplamente com leigos na plantação de igrejas? Em Romanos 16, encontramos uma lista de diversos nomes mencionados por Paulo, e, com certeza, a maioria deles era composta por leigos — homens e mulheres levantados por Deus para trabalhar ao lado do apóstolo. Desafio você a conversar com plantadores de igrejas, e verá que a maioria dirá que não foram aqueles com formação teológica formal que fizeram a diferença. Posso testemunhar isso pessoalmente. Em todas as plantações em que estive envolvido foram os leigos que se mostraram como braços fortes providenciados por Deus para que as igrejas fossem estabelecidas. Portanto, querido plantador, não se esqueça dos leigos. Ignorar os leigos é desprezar o método de Neemias, de Jesus e dos apóstolos. Ignorar os leigos é insensato, pois eles serão a grande maioria em sua comunidade de fé. Ignorar os leigos é contrariar a história da própria ICEB. Frederich Glass, no início de seu ministério, não era um leigo? Ignorar os leigos é opor-se ao sacerdócio universal dos crentes. Se você não é um plantador de igreja, mas está lendo este artigo, lembre-se: Deus também chama você. Caso ainda não tenha adquirido uma formação teológica formal, saiba que pode ser um instrumento nas mãos de Deus. Anunciar a Cristo não é tarefa exclusiva dos clérigos, mas de todos os eleitos do Senhor. Plantadores, lembrem-se dos leigos. Não os excluam de seu ministério. Eu me lembro deles e fui imensamente abençoado por suas vidas. Recordo-me de Airton e Jaqueline, Lindomar e Sheila. Lembro-me de Ana, Lucinha, Camila, Dayane e Ednardo. Essas foram pessoas usadas por Deus para que igrejas saudáveis fossem plantadas.
Façamos bem-feito

Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas. O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos. Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas. 2 Tm 2.1-7. Estamos iniciando um novo ano. Nele temos a oportunidade de renovar nossos compromissos com o Senhor. De uma forma muito especial todos nós temos o privilégio de participar do trabalho de Deus, da expansão de seu Reino, do crescimento de seu trabalho aqui na terra. A força para este trabalho não vem de nós, como não vinha de Timóteo (v.1). Ele faria o trabalho fortalecido pela graça de Deus, pelo poder de Deus, pelo recurso de Deus nele. Fazer o trabalho de Deus é um privilégio, não é? Ser sócio dele, cooperador dele, como nos diz Paulo em 1 Co 3.9: Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós. No entanto, meus irmãos, Deus não aceita colaborador sem compromisso, sem força, sem zelo, sem intrepidez. Talvez seja por isso que Paulo tanto insiste para que Timóteo não seja covarde, mas arrojado no trabalho de Deus. Para o Senhor devemos fazer tudo bem-feito. Paulo, então, está orientando Timóteo, e a nós, sobre esse serviço dedicado. Devemos ensinar como um mestre (2.2) – Lembremo-nos de que Paulo está preso e está muito preocupado com o progresso do Evangelho. Timóteo deveria continuar a ministrar a outros. Aqui temos dois princípios. O primeiro é o do discipulado, tão comum na Bíblia. Os crentes devem fazer discípulos, reproduzir, formar novos crentes e novos líderes. O segundo, é tão importante quanto esse. É o princípio da fidelidade e idoneidade. Deveriam ser escolhidos homens fiéis e idôneos. Paulo havia perdido muitos dos seus colaboradores, uns amaram o mundo e outros se desviaram da verdade. Timóteo deveria ser criterioso. A evangelização é para todos, os discipulados para muitos, o treinamento para o ministério somente para alguns. Cabe a nós hoje o mesmo mandamento. Evangelizemos a todos que pudermos, discipulemos ao máximo, mas observemos bem aqueles que destacaremos para o ministério. Façamos isto com força e dedicação. Façamos bem-feito. Também devemos lutar como um soldado dedicado (3.4). Paulo conhecia bem a vida de um soldado romano. Ele era comprometido, destemido, focado, envolvido. Os romanos tinham as tropas mais vitoriosas de todos os tempos. Paulo diz que nós devemos agir como um soldado. O que significaria para nós hoje esta consciência de soldado? Significa exclusividade para Deus e determinação pela vitória. Façamos bem-feito. Devemos ainda nos esforçar como um atleta (v.5). Paulo agora muda de figura. Vai de um soldado para a um atleta. O professor precisa de idoneidade e fidelidade, o soldado de comprometimento, o atleta precisa de obediência às regras. Paulo conhecia os jogos gregos e sabia da necessidade de seguir as regras. Até nos dias de hoje essa questão é muito importante. Quebrou uma regra está fora da competição. E o que significa, para nós, correr segundo as regras? Stott[1] nos ajuda com isso. Ele diz que, em primeiro lugar é seguir a própria Bíblia. É a obediência às leis morais de Deus. É não abolir em nossos corações e mentes o que Deus exige de nós em termos de obediência à sua Palavra. Depois é fazermos uma leitura de uma lei gravada em nossos corações pelo Espírito Santo, conforme nos ensina o profeta Jeremias: Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor; Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhes inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo (Jr 31.33). Finalmente devemos trabalhar como um lavrador (v 6) – Agora temos a última figura dessa seção. Temos um professor, que instrui; um soldado que se dedica, um atleta que segue as regras, agora temos um lavrador que nutre a expectativa de colher frutos. Aqui, diferentemente dos demais o serviço não tem emoção alguma. É um trabalho que exige paciência e diligência. O que motiva este lavrador? O que nos motiva pregar, plantar, semear? A expectativa do fruto. O salmo 126.5 e 6 nos estimulam: Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes. Nesse texto, nem mesmo o choro é motivo para não semearmos. O fruto aqui talvez seja o alcance do Evangelho, a salvação de vidas, a multiplicação da lavoura de Deus. Paulo termina esta parte com uma abordagem interessante: Pondera no que acabo de dizer. Ou seja, deixe Deus completar em sua mente o que acabo de ensinar. (v.7). O trabalho é de Deus, mas podemos nos tornar participantes. Somos fracos, tais como Timóteo, mas como ele somos fortalecidos pelo Senhor. Pela graça podemos ser bons mestres, bons soldados, bons atletas e bons lavradores. Façamos bem-feito. Pr. Luiz César Nunes de Araújo – Presidente da ICEB [1] STOTT, John. Tu Porém, ABU, p.2
20º Retiro Nacional Mulheres em Ação

“Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração.” Sl 73.26 No período de 14 a 17 de novembro, na Estância Palavra da Vida em Caldas Novas-GO, foi realizado o 20⁰ Retiro Nacional de Mulheres em Ação, com a participação de mais de 330 mulheres de diferentes regiões eclesiásticas da Igreja Cristã Evangélica do Brasil. Um tempo de renovação espiritual, comunhão e edificação. Com o tema extraído de Salmo 73:26, o evento teve como preletor o Pr. Daniel Silva que, com sabedoria e amor, conduziu as participantes a refletirem sobre a fidelidade de Deus mesmo diante das adversidades da vida. A palavra ministrada foi um verdadeiro convite à confiança no Senhor, ressaltando que, apesar das dificuldades, Deus é a nossa porção e refúgio eterno. No domingo, dia 17, Pr. Luiz César, Presidente da ICEB, encerrou o retiro com a ministração da Palavra e a celebração da Ceia do Senhor, consolidando o propósito de viver uma vida em comunhão com Deus e com os irmãos. Além das ricas ministrações, o Retiro foi marcado por momentos de intensa comunhão, onde as participantes puderam fortalecer seus laços de amizade. Os dias de retiro também incluíram momentos de lazer e descanso, permitindo que as participantes se revigorassem fisicamente e espiritualmente, criando memórias preciosas que certamente permanecerão em seus corações. Que o Senhor continue a derramar Suas bênçãos sobre todas as participantes e que a chama da fé, fortalecida nesses dias, se mantenha viva em cada uma delas. A expectativa agora é para o próximo Retiro Nacional de Mulheres em Ação que, com certeza, será mais uma oportunidade de crescimento espiritual e de aprofundamento na Palavra de Deus. Que venha o próximo Retiro! Lirerança Nacional de Mulheres em Ação
PLANTAR UMA IGREJA – MÉTODO EFICAZ DE EVANGELIZAÇÃO

A plantação de uma nova igreja deve ser como consequência da obediência ao envio de Jesus. Ao enviar seus arautos a toda terra para fazer novos discípulos, com certeza Ele tinha o propósito de reunir estes novos convertidos em uma comunidade, a sua igreja (Mt. 28.19). A igreja não é redentora, mas é agente missionário de Deus para proclamar o evangelho redentor. Ela é instrumento de Deus para reconciliar consigo o mundo, pois em Cristo ela tem o ministério da reconciliação. Ao sermos reconciliados com Deus, recebemos, não somente a salvação, mas a incumbência de ajudarmos na reconciliação do mundo com Ele (2 Co 5.18). A principal missão da igreja é alcançar o homem perdido através da evangelização e esforço missionário. Nesta caminhada cristã, a implantação e a manutenção de uma igreja física, visível, compostas por pessoas redimidas, faz parte do propósito divino. A plantação de igrejas é consequência da incumbência missionária de Deus. Deus deseja a salvação do mundo. O Evangelho é a Boa Nova da salvação em Cristo. Como bem descreveu Reimer, na igreja o mundo pode ver o propósito de Deus para como ele, o próprio mundo. Ela é a “justiça que vale diante de Deus”. Redenção e salvação permeiam tanto a natureza quanto a incumbência da igreja. A teologia da implantação de igrejas precisa, necessariamente ocupar-se da questão da redenção. [1] Neste projeto para salvar o homem toda a trindade entra em ação. Deus Pai é um Deus missionário, que se propõe a redimir o homem caído. Ele envia o Seu filho ao mundo para salvá-lo (Jo 3.16). O Filho na mesma autoridade do Pai envia os seus discípulos ao mundo (Mt. 18.18 a 20). O Espírito envia a igreja numa missão para alcançar os perdidos (Atos 13.1-2). Pessoas que seguem a Cristo e se unem à igreja são a evidência de que a missão de Deus está sendo cumprida. A igreja, então, tem a missão e o glorioso privilégio de dar continuidade neste processo salvador da trindade santa. A história tem nos mostrado que pessoas podem ser salvas fora de um ambiente de igreja local. No entanto, é sob a influência de uma comunidade visível que a maioria dos salvos tem o seu encontro pessoal com Cristo e especialmente tem o desenvolvimento de sua salvação. Mesmo os que se convertem fora da igreja a buscam em seguida para o seu crescimento espiritual. Se queremos salvar um povo não existe um método mais adequado do que plantar uma igreja no meio dele. Plantar igreja é o método evangelístico mais eficaz e parece não haver substituto para ele. Tim Keller aperfeiçoa este pensamento da seguinte forma: A única maneira de verdadeiramente estar certo de que você está criando cristãos novos permanentes é através da plantação de igrejas. Por quê? Muito evangelismo tradicional almeja obter uma “decisão” para Cristo. A experiência, contudo, nos mostra que muitas destas decisões desaparecem e nunca resultam em mudança de vida. Por que não? A maioria das decisões não são realmente conversões, mas frequentemente o início de uma jornada de busca a Deus. Somente uma pessoa que está sendo evangelizada no contexto de uma comunidade de contínua adoração e pastoreio, pode estar certa de finalmente vir a ter uma fé vital e salvadora. [2] Tais considerações nos indicam que uma nova igreja tanto pode atrair crentes que deixaram de frequentar outras igrejas, e precisam se reconciliar; como pessoas da comunidade que ainda não tenham sido evangelizadas. Novas igrejas podem alcançar melhor os não convertidos. Deus, em seu plano salvífico usa a plantação de igrejas para dar vazão ao seu amor. A plantação de igrejas só pode ser empreendida por motivos que correspondam aos motivos de Deus, e o verdadeiro motivo da sua ação foi o amor ao mundo. Quando a igreja é plantada da forma como Deus deseja, isso acontece unicamente por amor ao mundo. Ainda bem, que sabendo disso, estamos, como denominação e igrejas locais, empenhadas em plantar lindas igrejas no Brasil e no mundo. Este é um esforço que vale a pena. Que Deus nos ajude. [1] REIMER, p.227. [2] KELLER, p.29. Pr. Luiz Cézar Presidente da ICEB
EDIFICANDO A IGREJA DE CRISTO

Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica (1 Co 3.10) Paulo faz menção, também no texto acima, da cadência da obra de Deus. Ele é construído por muitos. Uns colocam o alicerce, outros constroem sobre ele. Muitas mãos se uniram no passado para construir o que hoje é o fundamento de nossa Denominação. Por fim Paulo chama-nos a atenção para não edificarmos de maneira relapsa: Cada um veja como edifica. Na sequência da perícope o velho apóstolo anuncia o dia em que todas as nossas obras serão julgadas, não por homens, mas pelo próprio Deus. Que temor estas palavras devem nos causar, que reverência, que zelo. O melhor de nós deve ser empenhado nesta edificação. Não tenho a menor dúvida que este é o sentimento desta diretoria que conta, além da minha pessoa, com os pastores Darci Jr., Eduardo Bitencourt, Ivanei Siqueira, Rogério Alves, Hélio Araújo e Marcos Vinícius. Nos colocamos à disposição de Deus e do seu povo para um serviço dedicado ao máximo. Há em nossos corações o desejo enorme de zelar para que a Palavra de Deus seja pregada com cuidado, para que as igrejas crescem cada vez mais, para que novas igrejas nasçam, para que haja unidade do Espírito em nosso meio, para que nossas instituições e casas cumpram a agenda de Deus para elas, para que nossa liturgia nos identifique e para que nossos documentos sejam respeitados. Ser parte de uma Denominação é um desafio e um aprendizado. É uma caminhada difícil, mas segura, enriquecedora e abençoada. Vale a pena nos unirmos para a edificação desta porção do Reino de Deus reservada a nós. Regiões eclesiásticas, obreiros, igrejas, pastores, educadoras, missionários, oficiais, membros das igrejas, SETECEB, ICEG, Editora, COMOCEB, Mulheres em Ação, Concílios e Convenções são alguns dos valores visíveis que nos formam como Denominação; isto sem falar dos valores invisíveis escritos em nossas amizades, compartilhamentos e apoio mútuo. A nossa Denominação é o que somos e será o que queremos que ela seja. Com certeza ela existe para o nosso bem e a nosso favor, e não contra nós. Ela nos abençoa, nos abre portas, nos prepara, nos apoia, nos ensina, e, se necessário, nos disciplina. Neste sentido a ICEB se apresenta como uma grande família. Vamos juntos, em consagração, na dependência completa de Deus, de maneira objetiva e prudente, edificar a igreja de Deus. Que no final, quando nos apresentarmos diante de Deus para o julgamento de nossas obras, que sejamos considerados como gente aprovada. Que Deus abençoe a obra de nossas mãos. Pr. Luiz César Nunes de Araújo Presidente da ICEB
PARABÉNS, IGREJA CRISTÃ EVANGÉLICA DO BRASIL

Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles. Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres. Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe. Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes. Salmos 126 Quando Frederick Charles Glass, ainda um cristão nominal, desembarcou no porto do Rio de Janeiro, em 1892, ele não imaginava que plantaria tantas igrejas, e que parte delas se transformaria em uma denominação, a ICEB. O Salmo 126 é propício para nos ajudar a refletir sobre essa linda história, de uma Denominação que completa 123 anos de fundação nesse ano. O salmista descreve o passado, o presente e o futuro. Ele olha para o passado com gratidão pelo livramento recebido (v. 1-3); olha para o presente com um profundo senso de carência da intervenção divina (v. 4) e olha para o futuro com ardente expectativa de abundantes colheitas (v. 5,6). Caminhemos com o salmista nesta viagem espiritual. Gratidão (v. 1-3) – Jerusalém havia sido cercada, invadida, saqueada e ferida pelos caldeus no ano 587 antes de Cristo. Nabucodonosor impiedosamente feriu à espada homens, mulheres e crianças. O povo hebreu foi arrastado como um bando de animais para a Babilônia dos ídolos e da feitiçaria. Setenta anos se passaram e Deus abriu-lhe a porta da prisão, quebrou-lhe os grilhões de ferro, e ele voltou para a sua terra, reconstruiu o templo e continuou servindo ao Deus vivo. A libertação milagrosa do povo hebreu do cativeiro babilônico foi uma intervenção portentosa de Deus além de suas expectativas (v.1), um testemunho entre as nações (v. 2) e um motivo de grandiosa e exultante alegria (v.3). De igual modo, quando olhamos para o passado, contemplamos também a obra libertadora de Deus em nossa vida. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho de seu amor (Cl 1.13). Ele quebrou os grilhões do pecado que nos mantinham cativos. Ele decretou a nossa alforria e a nossa libertação. Hoje somos livres para servirmos ao Senhor. Além disso, olhando para trás, podemos nos lembrar das bênçãos derramadas sobre nós, nossa casa, nossa Igreja e nossa Denominação. Todos nós, como salvos, como Igrejas e Denominação, a exemplo de Israel, somos gratos a Deus pela salvação e pela plantação de igrejas, pelo preparo e envio de obreiros. Façamos nossa a letra do hino 379 dos Salmos e Hinos que diz: “Conta as bênçãos, dize quantas são, recebidas da divina mão; vem dizê-las, todas de uma vez, e verás surpreso quanto Deus já fez”. SÚPLICA (V. 4) – O Salmista celebra o passado, mas roga a intervenção divina no presente. As vitórias de ontem não servem para nos conduzir em triunfo hoje. A vida do povo estava árida como o deserto do Neguebe. A sequidão sacrificava o mesmo povo que estava exultante no passado. O Salmista não se acomoda; ele clama por intervenção divina. Ele sabe que a crise não é final. Ele sabe que Deus ainda pode intervir, que pode fazer o deserto florescer. Ele espera que rios caudalosos reguem o deserto. Por isso ele ora e clama, dizendo: “Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes do Neguebe”. Deus pode fazer a sua igreja florescer ainda mais. Rios de água viva podem fluir do seu interior. “Disse Jesus: Quem crer em mim, segundo as escrituras, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.38). Nossas Igrejas e Denominação reverdecem e frutificam para a glória de Deus. Deus ainda visita a sua vinha, da qual somos cooperadores, e faz dela um jardim engrinaldado de flores e um pomar de deliciosos frutos. Supliquemos sempre a Deus que cuide de sua igreja enquanto ela ainda milita neste mundo tenebroso. Que Ele a conduza sempre em vitória. Expectativa (v. 5,6) – O salmista não pensa numa vida abundante apenas para si mesmo, ele quer ser um semeador. Ele está disposto a sair semeando a boa semente, o que exigirá esforço e determinação pois o semeador precisa sair e andar. Muitas vezes o semeador regará o solo com suas próprias lágrimas. Mas assim como não há semeadura sem colheita, não há lágrimas sem júbilo nessa bendita empreitada. A semeadura pode ser com lágrimas, mas a colheita é certa e com júbilo. As lágrimas podem vir, mas elas não determinarão o nosso serviço, pois serviremos mesmo com elas. Com certeza a conclusão desse Salmo se refere à volta maravilhosa de Jesus, quando Ele nos entregará ao Pai, que verá o precioso fruto do trabalho da nossa alma e ficará satisfeito. Mas também é um convite para que semeemos enquanto é dia. Ainda hoje é tempo de semear. Temos a boa semente e o campo já está preparado para recebê-la. Você é um semeador. Lance essa semente nos corações e prepare-se para uma colheita abundante e jubilosa. Continuemos pregando, evangelizando, orando, enviando missionários e plantando igrejas. Hoje pode haver choro enquanto semeia, mas amanhã haverá muito júbilo pela colheita. Faço minhas as palavras de Antônio Vieira ainda no Século XV: “Veja o Céu que ainda tem na terra quem se põe da sua parte. Saiba o Inferno que ainda há na terra quem lhe faça guerra com a palavra de Deus, e saiba a mesma terra que ainda está em estado de reverdecer e dar muito fruto.” Aproveitemos este tempo para agradecer a Deus pelo que Ele já fez e para suplicar bênçãos para o presente, pedindo que Ele transforme o nosso deserto deste mundo em um oásis espiritual. E nos enchamos de esperança, crendo que Deus nos dará um ano de muitas colheitas espirituais. Já andamos durante 123 anos. Que andemos mais, mais rápido, com mais força, até que nos unamos, na glória, aos demais semeadores. Que Deus continue a