Façamos bem-feito

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Luiz César N. de Araújo

Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas. O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos. Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas. 2 Tm 2.1-7.

Estamos iniciando um novo ano. Nele temos a oportunidade de renovar nossos compromissos com o Senhor. De uma forma muito especial todos nós temos o privilégio de participar do trabalho de Deus, da expansão de seu Reino, do crescimento de seu trabalho aqui na terra. A força para este trabalho não vem de nós, como não vinha de Timóteo (v.1). Ele faria o trabalho fortalecido pela graça de Deus, pelo poder de Deus, pelo recurso de Deus nele. Fazer o trabalho de Deus é um privilégio, não é? Ser sócio dele, cooperador dele, como nos diz Paulo em 1 Co 3.9: Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.

No entanto, meus irmãos, Deus não aceita colaborador sem compromisso, sem força, sem zelo, sem intrepidez. Talvez seja por isso que Paulo tanto insiste para que Timóteo não seja covarde, mas arrojado no trabalho de Deus. Para o Senhor devemos fazer tudo bem-feito. Paulo, então, está orientando Timóteo, e a nós, sobre esse serviço dedicado.

Devemos ensinar como um mestre (2.2) – Lembremo-nos de que Paulo está preso e está muito preocupado com o progresso do Evangelho. Timóteo deveria continuar a ministrar a outros. Aqui temos dois princípios. O primeiro é o do discipulado, tão comum na Bíblia. Os crentes devem fazer discípulos, reproduzir, formar novos crentes e novos líderes.

O segundo, é tão importante quanto esse. É o princípio da fidelidade e idoneidade. Deveriam ser escolhidos homens fiéis e idôneos. Paulo havia perdido muitos dos seus colaboradores, uns amaram o mundo e outros se desviaram da verdade. Timóteo deveria ser criterioso. A evangelização é para todos, os discipulados para muitos, o treinamento para o ministério somente para alguns.

 Cabe a nós hoje o mesmo mandamento. Evangelizemos a todos que pudermos, discipulemos ao máximo, mas observemos bem aqueles que destacaremos para o ministério. Façamos isto com força e dedicação. Façamos bem-feito.

Também devemos lutar como um soldado dedicado (3.4). Paulo conhecia bem a vida de um soldado romano. Ele era comprometido, destemido, focado, envolvido. Os romanos tinham as tropas mais vitoriosas de todos os tempos. Paulo diz que nós devemos agir como um soldado. O que significaria para nós hoje esta consciência de soldado? Significa exclusividade para Deus e determinação pela vitória. Façamos bem-feito.

Devemos ainda nos esforçar como um atleta (v.5).  Paulo agora muda de figura. Vai de um soldado para a um atleta. O professor precisa de idoneidade e fidelidade, o soldado de comprometimento, o atleta precisa de obediência às regras. Paulo conhecia os jogos gregos e sabia da necessidade de seguir as regras. Até nos dias de hoje essa questão é muito importante. Quebrou uma regra está fora da competição. E o que significa, para nós, correr segundo as regras?  Stott[1] nos ajuda com isso. Ele diz que, em primeiro lugar é seguir a própria Bíblia. É a obediência às leis morais de Deus. É não abolir em nossos corações e mentes o que Deus exige de nós em termos de obediência à sua Palavra. Depois é fazermos uma leitura de uma lei gravada em nossos corações pelo Espírito Santo, conforme nos ensina o profeta Jeremias: Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor; Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhes inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo (Jr 31.33).

Finalmente devemos trabalhar como um lavrador (v 6) – Agora temos a última figura dessa seção. Temos um professor, que instrui; um soldado que se dedica, um atleta que segue as regras, agora temos um lavrador que nutre a expectativa de colher frutos.

Aqui, diferentemente dos demais o serviço não tem emoção alguma. É um trabalho que exige paciência e diligência. O que motiva este lavrador? O que nos motiva pregar, plantar, semear? A expectativa do fruto. O salmo 126.5 e 6 nos estimulam: Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes. Nesse texto, nem mesmo o choro é motivo para não semearmos. O fruto aqui talvez seja o alcance do Evangelho, a salvação de vidas, a multiplicação da lavoura de Deus.

Paulo termina esta parte com uma abordagem interessante: Pondera no que acabo de dizer. Ou seja, deixe Deus completar em sua mente o que acabo de ensinar. (v.7). O trabalho é de Deus, mas podemos nos tornar participantes. Somos fracos, tais como Timóteo, mas como ele somos fortalecidos pelo Senhor. Pela graça podemos ser bons mestres, bons soldados, bons atletas e bons lavradores.

Façamos bem-feito.

Pr. Luiz César Nunes de Araújo – Presidente da ICEB


[1] STOTT, John. Tu Porém, ABU, p.2