“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Dt 6.4–9).
Cabe aos pais amarem ao Senhor, conhecer a Palavra do Senhor e transmitir essa Palavra aos seus filhos de maneira formal e informal. A transmissão a respeito do caráter de Deus, dos feitos de Deus e da Palavra de Deus deve ser inculcada na criança em todas as oportunidades possíveis do dia de uma família. Neste sentido, a educação bíblica dos filhos não pode ser relegada a apenas uma hora de EBD semanal e mais meia hora de culto, ela precisa ocorrer no contexto familiar, tendo os pais como exemplos de fé, piedade e conhecimento. A igreja deve ser parceira das famílias, sua aliada na transmissão da fé.
O povo de Israel deveria cuidar não apenas de transmitir o conhecimento de Deus e de Sua Palavra, mas também deveria se precaver das ideologias e idolatrias dos povos que iriam conquistar. Existia um perigo real de desvio por parte da nação, o que sabemos que aconteceu porque o coração do povo ainda não estava totalmente voltado para o Senhor Deus. O problema sempre é o coração. O coração precisa amar a Deus e Seus valores para que o mundo não exerça fascínio sobre a pessoa. Somente cristãos piedosos e tementes a Deus, que cresceram e crescem na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, não serão arrastados pelos erros dos homens maus e insubordinados (2Pe 3.17).
O que tudo isso tem a ver com o homeschooling ou educação domiciliar? Isso tem tudo a ver. Muitos pais, cientes de sua responsabilidade diante de Deus de transmitir a fé e guardar a fé dos seus filhos, optam por investir a maior parte do seu tempo na própria educação deles, escolhendo currículos cristãos que integrem o conhecimento geral com a realidade de que tudo veio de Deus e é pra Deus. Pais cristãos não querem separar os seus filhos do mundo, mas capacitá-los a se tornarem, com a ajuda de Deus, verdadeiros discípulos de Jesus que possam impactar o mundo e não serem impactados por ele.
A igreja deveria entender, biblicamente, que a autonomia educacional é da família. Como igreja deveríamos orar e apoiar as famílias educadoras. Isso não quer dizer que nos posicionamos contra a escola, mas que defendemos a liberdade e a prioridade da família na escolha do gênero de instrução a ser ministrado aos seus filhos. Isso, também, com base na Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), artigo 26, e no Código Civil Brasileiro, artigo 1.634. O Brasil assinou tratados internacionais que garantem a prática, como na DUDH, em seu artigo 26, que diz: “Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de educação que será ministrada aos seus filhos.”
Muitos pais optam pela educação domiciliar por desejarem oferecer aos filhos uma educação personalizada que possa explorar o seu potencial. Segundo pesquisas feitas em países ao redor do mundo onde a educação domiciliar é reconhecida ou regulamentada, a educação domiciliar proporciona maior amadurecimento, desenvolve a disciplina de estudo e o gosto pelo aprendizado, facilita o emprego de novas estratégias de aprendizado, favorece o empreendedorismo, gera adultos seguros e produz excelentes resultados acadêmicos. A educação domiciliar permite aos pais ensinarem seus filhos conforme o ritmo e estilo de aprendizado de cada filho, terem maior tempo de convivência com seus filhos e investirem em socialização com pessoas que não sejam da mesma faixa etária e classe social e econômica.
Pr. Eduardo Moreira Bittencourt – Pastor da ICE Brasília – DF