A IGREJA E A MÍDIA SOCIAL

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Renato Kröger

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” – Romanos 12:2

O processo de desconstrução imposto pela pós-modernidade, com sua ruptura com a lógica e estética, atua fortemente contra as virtudes fundamentais da fé cristã. Aliado a esse sistema ideológico, a multiplicação da tecnologia e do acesso à informação com o aumento das interrelações pessoais têm contribuído para uma desorientação generalizada e busca por encontrar uma saída para os conflitos e os novos desafios.

Para manter um melhor convívio entre as pessoas, as convicções pessoais passam a ser colocadas em segundo plano, circunscritas apenas a uma experiência particular sem relevância social e que não deve ser comunicada, fazendo com que a fé perca a importância e o sentir e experimentar sejam valorizados.

As mídias sociais amplificaram exponencialmente esse processo, expondo as pessoas a um impacto contínuo e acelerado de informações sem o tempo necessário para absorvê-las e validar suas fontes, afetando significativamente nossa saúde mental e bem-estar emocional.

Há uma crise de liderança provocada pela perda de identidade. Em busca de ídolos, encontramos Influencers, dando a esses, poder sobre nossas decisões. Em vez de influenciar o mundo da pós-modernidade, a igreja adaptou-se e passou a buscar a satisfação das pessoaspara não as perder para o mundo, gerando um desvio da sua missão essencial: proclamar que Deus deseja governar nossas vidas por meio de Jesus Cristo.Atender às mais diversas necessidades de pessoas em busca de bem-estar material e psicológico, justiça social, ideologismo político e autorrealização vocacional e acadêmica tornou-se a prioridade da igreja.

Ao invés de utilizar as mídias sociais para comunicar essa mensagem, nos tornamos glutões de seus conteúdos e buscamos o reconhecimento pelo que fazemos, o que somos e o que defendemos ideologicamente. A velocidade e quantidade de postagens não nos permite realizar uma análise crítica e  somos impulsionados a compartilhar rapidamente tudo o que passa aos nossos olhos sem refletir sobre sua verdade bíblica. Acabamos por postar mais pensamentos e ideais do que que a própria Palavra de Deus. Se considerarmos verdade o texto bíblico de Romanos 10:17, que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, estamos desperdiçando tempo precioso. 

Podemos considerar as redes sociais apenas como lazer, mas ela é muito mais do que isso. Mesmo porque não conseguimos dissociar nossa vida em Cristo de nosso lazer e de outras atividades. Pelo contrário, somos chamados por Ele a mantermos nossa integridade em qualquer lugar que estejamos: amarás, pois o Senhor teu Deus, de todo o coração, de toda tua alma e de todo o teu entendimento.

Em uma pesquisa da Cultura Jovem Global 2020[1], o Brasil ficou entre os três primeiros países em que os jovens costumam recorrer às mídias sociais para entender o sentido da vida. Esses jovens precisam de nosso pastoreio. É necessário desenvolver uma liderança cristã capaz de influenciar biblicamente essa geração, desenvolver uma apologia bíblica e saudável da fé, sem se eximir de tratar temas polêmicos e criar oportunidades para os jovens desenvolverem ações evangelísticas nas redes sociais e discutirem com segurança seus desafios e dúvidas. 

Fugir,  condenar ou ignorar a realidade das mídias sociais não é o caminho. Temos que entender os perigos que elas trazem, como a desinformação, o vício e dependência e a comparação social, ; mas devemos encontrar nelas as oportunidades para a igreja apresentar a verdade por meio de ações estratégicas concretas, e abençoadas com a criatividade e expressão santa do povo de um Deus criador de todas as coisas, que atribuiu à igreja a missão de proclamar a verdade em todos os lugares e para todas as pessoas.

Pr. Renato Kröger– Membro do Conselho Administrativo da Editora Cristã Evangélica


[1] GlobalYouth Culture 2020 – One Hope