SEDE MISERICORDIOSOS

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João Batista Cavalcante

“Mais de Cristo eu quero ser.
Mais por Ele aqui viver!
Ter a Sua compaixão,
Seu amor e mansidão!
Mais, mais de Cristo.
Mais, mais de Cristo.
Mais do Teu puro e santo amor!
Mais de Ti mesmo, salvador!”
John Robson Sweney (Salmos e Hinos, 338).

Aprendemos a cantar os hinos de Salmos e Hinos com uma reverência quase que sagrada. Fomos ensinados que eles são confiáveis e gozam da reputação de serem doutrinariamente muito saudáveis! Cantamos os temas da teologia ensinada pelos nossos missionários pioneiros e temos a sensação segura de que essas doutrinas são, de fato, um extrato de estudo bíblico sério e piedoso. O hino que inicia essa reflexão deixa claro que somos beneficiários dos atributos “comunicáveis” de Deus, e que por isso podemos desejá-los de todo o coração. Assim como recebemos a Cristo como Senhor, também devemos andar nEle (Cl 2.6)! Se tivermos mais de Cristo em nós, então teremos mais de sua compaixão, por exemplo!!

Em artigo publicado aqui na Revista Cristã on-line, o Pr. Gilberto Rodrigues conceitua misericórdia ou compaixão como “dor que nos causa o mal alheio, participação da dor alheia com o intuito de dividi-lo com o sofredor”. Os registros bíblicos atestam claramente o caráter bondoso, misericordioso mesmo, do Senhor. Só um Deus misericordioso poderia visitar uma família em pecado no trágico evento do Éden. A mesma compaixão se percebe na proteção oferecida à família de Noé (e, por extensão, a toda a humanidade) no evento do dilúvio. O Deus da misericórdia pode ser visto na história de indivíduos como Hagar, por exemplo, ou na vida de uma nação, como no caso de Israel. Evidentemente, Deus é Deus de misericórdia – e devemos ser muito gratos porque “as misericórdias do Senhor se renovam em nosso favor a cada manhã” (Ec 3.22).

O Senhor Jesus nos alerta que devemos ser misericordiosos exatamente como é misericordioso o nosso Pai (Lc 6.36). Ele próprio se compadece dos enfermos e daqueles que são oprimidos pela ação do Diabo. Ele se compadece da mãe que está a caminho do cemitério com seu único filho (Lc 7.11-17) ou diante da rebeldia da cidade de Jerusalém (Mt 23.37). Ele chora diante do túmulo de Lázaro e da dor de suas irmãs (Jo 11.35). Ele olha com compaixão para Pedro quando este havia negado que O conhecia…

Como cristãos, devemos ser como Cristo é (Ef 4.1). Somos bem-aventurados exatamente quando somos misericordiosos, e desse modo alcançamos também misericórdia (Mt 5.7). Trata-se de um imperativo e requer uma atitude – uma decisão moral em obediência a Deus. Egoísmo, indiferença ao sofrimento do próximo, qualquer forma de prazer em saber que o próximo passa por alguma forma de angústia, são sentimentos que destoam da natureza essencial dos filhos de Deus.

Finalmente, compaixão sem ação se tornará uma expressão vazia e distante da natureza dos filhos de Deus. Devemos amar “em fato e em verdade”, e não apenas com os nossos lábios (Mt 15.8,9). É necessário transformar sentimentos em ação de amor e compaixão: “Deus amou… e deu o seu filho unigênito!” (Jo 3.16). Seremos compassivos para com o nosso próximo quando tomarmos atitudes práticas e efetivas em favor daquele que necessita de nossa ajuda. Aliás, foi exatamente isso que o Senhor Jesus no ensinou na parábola do bom samaritano (Lc 10.25-32).

Pr. João Batista Cavalcante – ICE Central de Goiânia