Quando lemos a história de Neemias e a reconstrução do muro de Jerusalém ficamos impressionados não apenas com o feito realizado como também com a pessoa de Neemias, por suas inúmeras qualidades. É perceptível que esse homem de Deus era sensível à dor do outro, tinha uma grande capacidade de liderar e possuía uma habilidade administrativa ímpar, dentre tantos outros predicados.
Existe, porém, uma característica em Neemias que, com frequência, não percebemos. Neemias era um homem de oração. Em várias passagens dessa narrativa encontramos o personagem principal orando.
Neemias orou ao saber da situação de seus compatriotas e de Jerusalém (1.1-4). O texto nos informa que ele se sentou, chorou, lamentou, jejuou e orou. Ainda no capítulo 1 Neemias orou, pedindo perdão a Deus pelos pecados da nação e de seus próprios pecados, pois sabia que a situação de Jerusalém era consequência direta de uma vida pecaminosa. E, no final do capítulo, Neemias orou pedindo a Deus uma oportunidade, e quando ela chegou ele ora novamente (cap 2). A ocasião que ele desejara estava em suas mãos, e o que ele faz? Ora mais uma vez. Que homem admirável! E digo isso, pois creio que qualquer um de nós agiria em vez de orar.
Você consegue perceber que Neemias ora antes de agir, que lição preciosa. Neemias tinha em mente que não poderia falhar. Ele não poderia perder essa chance de fazer pedidos pontuais ao rei, pedidos esses que deveriam estar de acordo com a vontade de Deus para que se concretizassem.
Precisamos urgentemente aprender essa lição com Neemias, a saber “oração nunca é demais”! Precisamos orar quando tomamos consciência da situação da vida de pessoas que nos cercam. Necessitamos orar pedindo a chance de sermos instrumentos de Deus. Mas não podemos deixar de orar quando essas oportunidades chegam até nós. Se orarmos assim a chance de estragarmos as oportunidades que Deus nos concede será bem menor.
Perceba que Neemias orou novamente e então fez sua petição ao rei. Ao orar ele sabe o que deve pedir, tem ciência de como deve aproveitar a oportunidade que Deus lhe deu. Ele orou e agora tem a aprovação divina para fazer o pedido adequado ao rei.
Quantos de nós têm se esquecido da preciosidade que é ter uma vida de oração, e isso é particularmente complicado para pessoas resolutivas e de ação. Isso é muito complexo para plantadores, pois somos treinados e tentados a pensar que ativismo religioso é mais importante do que o tempo no quarto de oração. Precisamos, porém, lembrar de Neemias, um homem que fez muito, mas antes de fazer, ele orou.
Devemos ter cuidado com o fato de que muitas vezes as diversas atividades que temos que realizar podem nos fazer ativos no trabalho, mas distantes de Deus. Plantadores correm esse risco, pois com frequência em plantações de igrejas não temos mão de obra para nos ajudar, então acabamos por nos envolver em várias frentes de trabalho. Isso pode nos levar a um ativismo religioso pecaminoso, pois estamos fazendo muito, mas sem nenhuma vida espiritual sadia. Oferecemos muito de Deus para as pessoas, porém temos muito pouco Dele.
A regra é clara, como diria certo comentarista esportivo, Deus usa aqueles que estão cheios Dele, mas às vezes Deus usa aquele que Ele tem. Por isso, estejamos atentos: o que aprova nossa vida espiritual não é o trabalho que realizamos, o que condecora nossa vida com Deus é comunhão intima e sincera com Ele.
O que confirma a qualidade de nossa vida espiritual não é o nosso serviço, mas o que nosso Pai celestial vê em secreto. Lembre-se que, para Deus, o secreto é mais importante do que aquilo que apresentamos em público.
E quando falamos da necessidade da oração não estamos desconsiderando a importância do estudo contínuo. Engana-se quem pensa assim. O ponto que ressaltamos é que o quarto de oração tem sido esquecido.
Plantadores precisam ter uma vida de oração, pois o chamado de Deus não é para um “parque de diversão”. A santa vocação que recebemos é para travar batalhas, é guerra renhida. Plantar uma nova igreja é um privilégio e Deus poderia ter escolhido qualquer um para essa nobre missão, mas Ele nos escolheu.
Devemos orar, querido colega plantador de igreja, pois a obra de Deus é realizada em total dependência de Deus. Não há outra maneira de sermos bem-sucedidos sem a ação do Espírito através de nós. É o Espírito que convence os eleitos do pecado, da justiça e do juízo. Deus é que dá o crescimento da igreja. É o soberano Senhor que determina o tamanho da comunidade e o alcance do nosso ministério.
Precisamos lembrar que a obra de Deus é realizada com a MEAN, sem a MEAN ou apesar da MEAN, mas nunca, em nenhum momento, jamais, sem a total dependência do Espírito de Deus. Por isso necessitamos de uma vida de oração intensa. Não estamos falando de uma vida devocional fria ou mecânica. O que tratamos aqui é de uma vida de oração que busque uma comunhão abundante com o Senhor da Obra!
Plantadores, orem! Seguidamente, intensamente e intencionalmente. Neemias orou ao saber da situação de seus compatriotas, precisamos orar por todo local com pessoas não convertidas e sem uma igreja saudável. Neemias orou pedindo a Deus uma oportunidade, igualmente é necessário clamarmos a Deus por oportunidades para sermos seus instrumentos. Neemias orou quando a oportunidade chegou, que possamos da mesma forma orar para que não venhamos a atrapalhar aquilo que Deus deseja fazer nas pessoas, nos bairros, nas cidades e em um país.
Pr. Natanael Tussini – Diretor do DEIPRI