A BELEZA DE ADORARMOS EM COMUNIDADE

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Pedro Alcantara

Recebi o desafio de escrever sobre esse tema com o qual tanto me relaciono em minha caminhada cristã e, por isso mesmo, sei quão complexo e polêmico ele pode ser.

Para definir as bases teológicas e assim formular o modelo ideal para o louvor congregacional passaríamos primeiro pelos fundamentos da adoração, no que gastaríamos todo o espaço disponível só para começar. E acredito que o maior problema para uma explanação mais precisa sobre o canto congregacional não seja a definição dos limites da adoração, mas sim a polarização em relação aos modelos pessoais, às preferências temporais dos estilos musicais, aos instrumentos utilizados e até ao perfil de ministração.

Vemos claramente duas correntes dentro do canto congregacional. Um modelo tradicional, que traz o canto de hinos, de corinhos com letras mais profundas e uma performance mais contida, tanto dos que conduzem quanto da congregação, visando assim a apreciação da mensagem e a concentração, o que possibilita um louvor mais introspectivo. Por outro lado, temos o modelo de louvor mais elaborado na performance, levando para a euforia, com letras fáceis e com repetições, para pessoas que buscam, assim, uma experiência emocional mais intensa durante o canto congregacional. Os apreciadores do estilo tradicional acusam os que gostam do estilo contemporâneo de buscarem experiências exageradas sem se importarem com a verdade cantada e com a beleza. Já os que gostam do estilo contemporâneo alegam que os outros se prendem ao racionalismo, são frios e distantes, sem a capacidade de se comunicar com a nova geração. Entretanto, se ambos estiverem centrados na vontade de Deus encontraremos a beleza do canto congregacional que está além do estilo favorito de cada grupo.

O canto congregacional proporciona aos cristãos uma beleza viva. Seja em uma igreja ou um simples encontro de amigos, um almoço em família ou velório, cantar com outras pessoas nos leva a um senso de pertencimento muito maior do que as nossas vaidades. Cantar em congregação nos faz sentir parte do corpo, nos une em volta do sentimento de família, nos ajunta como povo de Deus. Assim como ouvir o hino nacional do seu país lhe faz lembrar da sua pátria quando você está distante e pode lhe trazer uma forte emoção por fazer parte daquela nação ao cantá-lo, assim pode ser o louvor congregacional, trazendo o sentimento de pertencer ao povo de Deus, nos lembrando a que nação pertencemos e de que juntos marchamos rumo à pátria celestial.

Por isso o louvor congregacional precisa ser acessível aos que cantam e fiel às Escrituras, pois assim nos lembrará e afirmará os princípios bíblicos vividos com o Senhor. Cantar sobre quem Deus é constrói no coração da comunidade uma ligação profunda com essas verdades. Em tempos difíceis, ou quando nosso coração se distancia da alegria do Senhor, uma canção acalenta a nossa alma e, se feita em comunidade, nos faz sentir mais fortemente que não estamos sós.

Adorar ao Senhor é uma resposta mínima de todo ser que é sensível à voz de Deus e O reconhece como criador de todas as coisas. Os salmos estão repletos de chamados para adorarmos em todo tempo, com todos os instrumentos, em todas as línguas e em todas as nações. O salmo 150 começa com um convite para louvarmos a Deus no seu santuário, mas não será o lugar ou modo que definirá a validade do nosso canto, tudo isso só é eficaz se for feito em espírito e em verdade: “Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.23 e 24).

A verdadeira adoração é uma dádiva do Senhor. Por meio do Espírito Santo somos inspirados e por intermédio de Cristo temos acesso ao Pai, que nos ouve. Essa beleza deve ser vivida em comunidade. O princípio de coletividade e da centralidade em Cristo Jesus precisa ser maior do que o estilo da adoração da sua congregação. Nossas canções precisam nos lembrar de “a quem pertencemos” e “de quem Deus é”, assim, a igreja do Senhor sentirá um gostinho do tempo vindouro, pois o futuro de todo cristão é fazer parte do coral celestial, no qual todos juntos cantaremos eternamente ao nosso Deus.

Pb. Pedro Alcantara – ICE do Gama