A plantação de uma nova igreja deve ser como consequência da obediência ao envio de Jesus. Ao enviar seus arautos a toda terra para fazer novos discípulos, com certeza Ele tinha o propósito de reunir estes novos convertidos em uma comunidade, a sua igreja (Mt. 28.19).
A igreja não é redentora, mas é agente missionário de Deus para proclamar o evangelho redentor. Ela é instrumento de Deus para reconciliar consigo o mundo, pois em Cristo ela tem o ministério da reconciliação. Ao sermos reconciliados com Deus, recebemos, não somente a salvação, mas a incumbência de ajudarmos na reconciliação do mundo com Ele (2 Co 5.18).
A principal missão da igreja é alcançar o homem perdido através da evangelização e esforço missionário. Nesta caminhada cristã, a implantação e a manutenção de uma igreja física, visível, compostas por pessoas redimidas, faz parte do propósito divino. A plantação de igrejas é consequência da incumbência missionária de Deus. Deus deseja a salvação do mundo. O Evangelho é a Boa Nova da salvação em Cristo.
Como bem descreveu Reimer, na igreja o mundo pode ver o propósito de Deus para como ele, o próprio mundo. Ela é a “justiça que vale diante de Deus”. Redenção e salvação permeiam tanto a natureza quanto a incumbência da igreja. A teologia da implantação de igrejas precisa, necessariamente ocupar-se da questão da redenção. [1]
Neste projeto para salvar o homem toda a trindade entra em ação. Deus Pai é um Deus missionário, que se propõe a redimir o homem caído. Ele envia o Seu filho ao mundo para salvá-lo (Jo 3.16). O Filho na mesma autoridade do Pai envia os seus discípulos ao mundo (Mt. 18.18 a 20). O Espírito envia a igreja numa missão para alcançar os perdidos (Atos 13.1-2). Pessoas que seguem a Cristo e se unem à igreja são a evidência de que a missão de Deus está sendo cumprida. A igreja, então, tem a missão e o glorioso privilégio de dar continuidade neste processo salvador da trindade santa.
A história tem nos mostrado que pessoas podem ser salvas fora de um ambiente de igreja local. No entanto, é sob a influência de uma comunidade visível que a maioria dos salvos tem o seu encontro pessoal com Cristo e especialmente tem o desenvolvimento de sua salvação. Mesmo os que se convertem fora da igreja a buscam em seguida para o seu crescimento espiritual. Se queremos salvar um povo não existe um método mais adequado do que plantar uma igreja no meio dele. Plantar igreja é o método evangelístico mais eficaz e parece não haver substituto para ele.
Tim Keller aperfeiçoa este pensamento da seguinte forma:
A única maneira de verdadeiramente estar certo de que você está criando cristãos novos permanentes é através da plantação de igrejas. Por quê? Muito evangelismo tradicional almeja obter uma “decisão” para Cristo. A experiência, contudo, nos mostra que muitas destas decisões desaparecem e nunca resultam em mudança de vida. Por que não? A maioria das decisões não são realmente conversões, mas frequentemente o início de uma jornada de busca a Deus. Somente uma pessoa que está sendo evangelizada no contexto de uma comunidade de contínua adoração e pastoreio, pode estar certa de finalmente vir a ter uma fé vital e salvadora. [2]
Tais considerações nos indicam que uma nova igreja tanto pode atrair crentes que deixaram de frequentar outras igrejas, e precisam se reconciliar; como pessoas da comunidade que ainda não tenham sido evangelizadas. Novas igrejas podem alcançar melhor os não convertidos.
Deus, em seu plano salvífico usa a plantação de igrejas para dar vazão ao seu amor. A plantação de igrejas só pode ser empreendida por motivos que correspondam aos motivos de Deus, e o verdadeiro motivo da sua ação foi o amor ao mundo. Quando a igreja é plantada da forma como Deus deseja, isso acontece unicamente por amor ao mundo.
Ainda bem, que sabendo disso, estamos, como denominação e igrejas locais, empenhadas em plantar lindas igrejas no Brasil e no mundo.
Este é um esforço que vale a pena. Que Deus nos ajude.
[1] REIMER, p.227.
[2] KELLER, p.29.
Pr. Luiz Cézar
Presidente da ICEB