O Evangelho de Marcos foi escrito para crentes romanos, especialmente aos gentios. Seu propósito é produzir em seus leitores o compromisso de fé na Pessoa de Jesus Cristo como Servo de Deus e em Seu sacrifício pela humanidade.
No Evangelho, Marcos demonstra como o Servo (Jesus) de Deus desenvolveu seu ministério em seu tempo. Em seu contato com os gadarenos, e especialmente com aquele homem endemoninhado, Jesus demonstra em seu ministério compaixão por aquele que sofre as crueldades de Satanás.
A hostilidade de Satanás na vida daquele homem, o levou a viver nos sepulcros; vivia inquieto, andando noite e dia gritando e ferindo-se com pedras. As pessoas da cidade o prendiam com cadeias e correntes sem nada resolver. De fato, Jesus bem disse que o ladrão veio para matar, roubar e destruir (João 10.10). Quão terríveis eram os sofrimentos deste homem. Imagino que sua família sofria com os dias de escuridão, tristeza e dor deste rapaz.
É neste cenário que Jesus Cristo juntamente com os seus discípulos chega as regiões de Gadara. E, também neste episódio podemos perceber que o ministério de Jesus, o Servo de Deus, foi marcado pela compaixão. Uma definição de compaixão é: dor que nos causa o mal alheio, participação da dor alheia com o intuito de dividi-la com o sofredor. O ministério de Jesus Cristo, o Servo de Deus, foi pautado pela compaixão pelas pessoas de sua época. Sentimento que ainda deve manter em nossos ministérios em cooperação com o Reino de Deus. Compaixão de Jesus que demonstrada através alguns gestos ou atitudes d´Ele.
Primeiro, Jesus demonstra sua compaixão pelo pecador ao aproximar do homem endemoninhado. Aproximar daquele homem violento (feria-se com pedras), cheirava mal, inquieto e nu não era fácil. Um marginalizado pela sociedade. Esta aproximação demonstra que Jesus se importava com o pecador. Jesus revela interesse ao se aproximar e permitir que ele se aproxime. Bem ao contrário daquelas pessoas que só queriam ficar livre das ações impróprias do endemoninhado. Vivemos num tempo de individualismo e egoísmo. Cada um no seu quadrado. Mas, as pessoas sofrem. Como saberemos do sofrimento do outro se não aproximar e romper as barreiras? Todo o contexto de vida do endemoninhado de Gadara não foi obstáculo para Jesus, mas o homem foi objeto da compaixão de Jesus.
Segundo, Jesus demonstrou sua compaixão pelo pecador quando liberta da tirania dos demônios e traz a paz, harmonia e serenidade através do Reino de Jesus em sua vida agora (vv.6-15). Aquele que vivia no cemitério, andando noite e dia, ferindo-se com pedras e que ninguém podia dominá-lo, agora ele está assentado (antes andava noite e dia), vestido (andava nu e mostrando suas vergonhas) e em perfeito juízo. Ele agora tem dignidade humana. Todas essas transformações vieram porque Jesus teve compaixão ao se aproximar e libertar das amarras e crueldades dos demônios.
Terceiro, Jesus demonstrou sua compaixão pelo pecador quando transformou o homem endemoninhado num servo engajado na missão de pregar o Evangelho de Jesus aos seus. O homem que não tinha propósito na vida, agora tem uma missão “Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti” (v.19). O homem que não tinha sentido de viver, agora ele tem o novo significado de viver na Pessoa de Jesus Cristo. O homem que trazia tantas preocupações e tristezas as pessoas à sua volta, agora transmite a mensagem de salvação, do perdão em Jesus, da reconciliação através de Cristo. Aquele que era tido como problema para tantos, é agora um representante de Jesus naquela região. Que transformação maravilhosa! Diz o texto que as pessoas ficaram admirados. A compaixão de Jesus por ele foi essencial para a vida dele e o seu engajamento na pregação do evangelho naquela região.
A Palavra de Deus no ensina que devemos ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus nosso SENHOR (Filipenses 2:5) “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus”. A compaixão foi uma marca no ministério de Jesus. No evangelho de Lucas (19.41-44), quando Jesus chega nas proximidades de Jerusalém, ele chora porque as pessoas ali não reconheceram a oportunidade da visitação do Cristo. Ele se compadece.
Oremos para que sejamos pelo Espírito Santo capacitados a compadecer de uma geração hoje mergulhada em seus pecados tantos. Há muita gente enganada, cegos e sofrem as mazelas desde mundo caído. Muitas vezes pregamos sem compaixão pelo pecador, por isso, devemos buscar em oração para que Deus nos humilhe e nos dê compaixão pelas pessoas.
Apesar de toda a compaixão demonstrada por Jesus, o Servo de Deus, a população solicitou para que Jesus se retirasse deles depois que os porcos se afogaram no mar. Será que o feito de Jesus não tocou o coração daquela gente?! Isso mostra que há muita gente mais preocupada com os “porcos” que com vidas que sofrem. Que tragédia! O fato é que apesar dos riscos devemos demonstrar sempre compaixão em nossos ministérios. Que Deus nos abençoe e nos ajude.
Gilberto Melo
Diretor do DM