GUIA PARA O ENSINO BÍBLICO – 0 a 6 ANOS

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Ed. Cristã Márcia G. G. Silva

Não me esqueço do lema de treinamento da Editora Cristã Evangélica para os pequenininhos: “enquanto cuida, ensina”. E este lema deve realmente estar presente nos berçários das nossas Igrejas. Outra fala de uma pediatra chama a atenção: “são só pequenas, mas não são bobas”. Sim, as crianças são inteligentes e aptas para aprender. E a responsabilidade de ensinar os princípios bíblicos é de todos, primeiramente dos pais e, depois, da igreja (Dt 6.6-9; Mt 28.19-20).

Podemos dividir a educação em: formal – escolas regulares; informal – pais, principalmente; e não formal. A não formal é a que praticamos em nossas igrejas e, para surtir efeito, devemos observar algumas coisas. Dentre outras, é essencial ter professores formados numa cosmovisão cristã. E a educação precisa ser bem planejada, com intencionalidade, ou seja, toda atividade que fizermos com as nossas crianças na igreja precisa ter o propósito de levá-las a serem mais parecidas com Cristo, de forjar nelas crenças eternas. Até uma simples brincadeira deve ser realizada com essa intencionalidade.

Características da Primeira Infância – 0 a 3 anos

As crianças nessa faixa etária não são santas. Todos nós nascemos em pecado e necessitamos das verdades bíblicas, inclusive elas.

O grande desafio para o professor, principalmente para esta faixa etária, é a necessidade de ele conhecer como as crianças aprendem e suas características. Elas são curiosas; são imitadoras; têm capacidade de atenção bem curta; são sensíveis; são egoístas e apresentam dificuldades em brincar com os outros; podem tomar decisões próprias. A criança nesta idade é: fisicamente ativa; mentalmente descobridora; emocionalmente sensível; volitivamente moldável; socialmente tímida; espiritualmente imitadora. Um ambiente físico adequado é importante, então é necessário providenciar sala com mobília adequada, não deixando que qualquer improviso se torne permanente.

E como orientá-las? Uma ideia de cada vez, repetida e variada. Além disso, trabalhe para: planejar atividades com movimentos; apresentar cânticos com gestos; aproveitar a energia construtivamente; manter o ambiente sadio; ser exemplo digno de serem imitados; oferecer oportunidades para investigar; criar oportunidades para tomarem decisões e fazerem escolhas; variar as atividades; contar histórias ou falar rapidamente sem muitos detalhes; e demonstrar amor e compreensão.

Outro ponto a ser considerado é que a Palavra de Deus é simples, mas ao mesmo tempo complexa. Então, nestes três primeiros anos, é indicado passar por toda a Bíblia, fazendo um reconhecimento panorâmico. E ela deve ser ensinada não de forma a ser exemplo moral a partir de histórias estanques, mas mostrando que toda a Bíblia é uma grande história, formada de pequenas histórias. Então essas pequenas histórias devem sempre ser remetidas à unidade da Bíblia, à cruz e a Jesus. Além disso, deve sempre ser considerada a relação vertical, do homem com Deus, e depois a relação horizontal, do homem com o homem.

O Currículo sugerido é: Doutrina do homem, Doutrina de Deus, Doutrina do pecado, Doutrina de Cristo. Para isso sugiro como currículo a Bibliologia e a Teologia Própria – estudo de Deus, Teologia Sistemática[1]

Características da Segunda Infância – 4 a 6 anos

Nessa faixa, as crianças são muito ativas; cansam-se facilmente; são indagadoras; têm o período de atenção limitado (5 a 10 minutos); sua imaginação é fértil; têm mente literal; não têm ideia de tempo ou de distância; fazem o que veem os outros fazerem; aprendem pelos sentidos; suas emoções são intensas; são capazes de controlar o choro; são muito medrosas; mostram inveja; “explodem” facilmente; são bondosas; pensam em Deus de modo pessoal; têm capacidade de adoração; perguntam sobre a morte; acreditam no que lhe dizem; desejam ser amadas; estão prontos a aprender espiritualmente; e começam a distinguir entre o bem e o mal.

Providencie materiais adequados (lápis, figuras em tamanho grande) para as crianças; prepare várias atividades; providencie períodos quietos entre as atividades; fale claramente; responda a todas as suas perguntas de maneira simples e verdadeira; use recursos visuais simples; deixe que elas dramatizem as histórias; ajude-as a entender a diferença entre as histórias verdadeiras e as outras; use palavras que signifiquem exatamente o exposto; providencie coisas para verem, ouvirem, tocarem e cheirarem; certifique-se de que sabem o sentido do que estão decorando; promova atividades em grupo; encoraje-as a liderar; ensine-as a obedecer e a partilhar com alegria; e elogie-as com frequência por fazerem o que está certo.

Assim como a intencionalidade em todas as atividades, ao professor é necessário orar por ele próprio e por suas crianças no decorrer da semana, bem como buscar conhecer em profundidade o que se está ensinando. Ou seja, não deixar a história pela história ou somente uma aplicação moral, mas sempre trazer o ensinamento para a realidade da criança e fazer a aplicação. A Palavra do Senhor fala aos nossos corações hoje e deve falar a essas crianças de maneira que promova transformação. Para isso é sempre necessário remeter ao personagem principal, que é Deus (Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo).

O Currículo sugerido é – doutrinas: Homem, Deus, Pecado e Cristo, também retiradas da Teologia Sistemática do Grudem[2]. A Editora Cristã Evangélica tem excelentes materiais que ajudarão na ministração às crianças que podem ser encontrados no site da Editora[3]. Também sugiro a coleção – Investigando a Palavra de Deus, John C. Kwasny, que contempla todos os livros da Bíblia.

[1] Grudem, Wayne A. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999.

[2] Ibidem

3. www.editoracristaevangelica.com.br.